Você certamente já ouviu falar do GMP Quality. O termo é a sigla em inglês para Good Manufacturing Practice, ou Boas Práticas de Fabricação (BPF) em português, um conceito largamente aplicado na indústria. Suas recomendações são regulamentadas por órgãos competentes e têm como objetivo garantir a produção segura e limpa para reduzir os níveis de contaminação e desperdício.
Implementadas e inspecionadas com bastante rigor, as diretrizes se referem a vários segmentos — entre eles a indústria alimentícia — e servem, principalmente, para aumentar a agilidade e a eficiência nos processos, além de garantir a qualidade do produto para o consumidor.
Continue a leitura e saiba mais sobre o que são as BPFs e algumas das principais recomendações para sua aplicação!
O que é o GMP Quality?
Elaboradas inicialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), as diretrizes do GMP são atualizadas e adequadas de acordo com as agências de regulamentação nacionais — no Brasil, a legislação é competência da Anvisa. Para que a empresa alimentícia elabore seu manual de BPF, precisam ser respeitados os requisitos da:
- RDC 275/2002, que induz ao controle contínuo das práticas de fabricação e dos Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs);
- portaria nº 1.428/1993, que estabelece as práticas de fabricação para a área de alimentos;
- portaria nº 326/1997, que traz exigências sobre as condições sanitárias e de higiene nos estabelecimentos de produção alimentícia.
Os princípios básicos do GMP Quality buscam, sobretudo, garantir que a fabricação tenha processos eficientes e produtivos, com rigoroso controle de higiene, de forma a diminuir problemas que envolvem a contaminação cruzada.
Dessa forma, os produtos têm alto nível de qualidade e contribuem para a segurança e a saúde dos consumidores, assim como para os funcionários da indústria. São eles:
- definir os POPs para que a rotina de produção seja controlada e consistente;
- seguir os padrões de procedimento de forma minuciosa;
- documentar todos os processos, a fim de contribuir para a rastreabilidade de erros;
- verificar frequentemente se as normas estão sendo seguidas de forma correta;
- disponibilizar ferramentas, máquinas e edificações adequadas;
- fazer manutenções periódicas de todos os equipamentos;
- definir e demonstrar a competência nas execuções dos procedimentos;
- implementar práticas de higiene para minimizar a contaminação;
- ter um controle sistemático de materiais utilizados na produção e outras áreas;
- promover auditorias periódicas para verificar possíveis inconsistências nos métodos de fabricação.
Esses princípios garantem que, de modo geral, a indústria tenha medidas uniformes para suas BPFs. Além disso, é competência dos Serviços de Vigilância Sanitária estaduais e municipais a introdução dos regulamentos complementares sem contrariar as normas federais.
Como o GMP Quality garante a fabricação de produtos de qualidade?
Para minimizar tanto quanto for possível a incidência de contaminação em seus produtos, a indústria do setor alimentício precisa prezar por higiene, eficiência e manutenção adequada das instalações e equipamentos. Veja algumas boas práticas que seguem o que é indicado pelo conceito de GMP Quality!
Higienização pessoal e de uniformes
A higienização pessoal de funcionários é extremamente importante para garantir a qualidade do produto final. Cabe a empresa elaborar treinamentos para reforçar essa necessidade, além de estabelecer obrigatoriedades — como manter unhas sempre cortadas e sem esmaltes. Também é fundamental fornecer os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados e uma quantidade de uniformes suficiente para que possam ser regularmente limpos.
Não utilização de adornos nas áreas de manipulação de alimentos
Uma das indicações da Portaria nº 326/1997 é que os adornos de uso pessoal sejam proibidos no ambiente em que há manipulação de alimentos. Objetos como pulseiras, relógios de pulso, anéis e alianças podem não somente se desprender do colaborador e entrar em embalagens ou ingredientes, como também têm alto nível de micro-organismos que contaminam os produtos.
Instalações que facilitem fluxo ordenado de funcionários
Para promover a eficiência nos processos industriais, é indispensável que as instalações sejam bem organizadas e funcionais. Com um fluxo ordenado dos colaboradores, o contato humano que favorece a disseminação de micro-organismos — como trocas de conversas próximas aos produtos — é minimizado. Além disso, todas as rotinas são favorecidas em produtividade.
Estações de trabalho separadas por áreas
Também é recomendação da Portaria nº 326/1997 que as estações de trabalho no manuseio de alimentos sejam completamente separadas — não só umas das outras, como de demais partes da indústria.
Esse cuidado é uma medida de higiene que reduz as chances de contaminação cruzada dos produtos, além de estar relacionada a um aumento da produtividade.
Ambiente limpo e seguro
Ainda em relação às instalações, a Anvisa traz uma série de observações que precisam ser seguidas e regularmente vistoriadas. Algumas delas são:
- áreas sem objetos desnecessários para a execução dos processos;
- ambientes com boa ventilação e conforto térmico;
- paredes lisas em cores claras, laváveis, sem rachaduras ou sinais de bolor;
- pisos antiderrapantes, impermeáveis e de fácil sanitização;
- teto fácil de limpar e que evite o acúmulo de sujeira;
- cabos e conexões elétricas bem isolados e instalados;
- presença de pias que possam ser acionadas com o pé ou joelho nas áreas de manuseio de alimentos.
Também é recomendado que, em locais de processamento, o pé-direito tenha quatro metros. Já em dependências mais abertas, a altura ideal é a de três metros. Independentemente da estação de trabalho, a edificação precisa estar localizada em local livre de poeira, fumaça, contaminantes e com ralos e telas que evitem a entrada de insetos.
Descarte apropriado de resíduos
No entorno da fábrica, não deve existir acúmulo de lixo, mato ou entulho. Os resíduos precisam ser corretamente descartados com frequência diária, de modo que restos de alimentos ou embalagens não atrapalhem a execução de tarefas, ocasionem acidentes de trabalho ou contribuam para a proliferação de micro-organismos e o aparecimento de insetos.
Controle de pragas
De acordo com a Anvisa, as indústrias devem desenvolver um programa contínuo de combate às pragas, o que inclui inspeções periódicas — de preferência semanais — e a aplicação de praguicidas e solventes, sempre com muito cuidado para proteger os produtos. Ao menor sinal de incidência de pestes ou roedores, é necessário tomar medidas de erradicação imediatas.
Seguir medidas que sejam condizentes ao GMP Quality, além de ser importante para a preservação da boa imagem corporativa e qualidade de suas atividades, é uma demonstração de respeito da indústria para com o consumidor — que é o principal responsável pelo lucro da empresa. Portanto, é necessário que seja cumprida a observação das normas e o estabelecimento de um manual de Boas Práticas de Fabricação.
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